Além de ser um grande amigo, ele é um dos mais
ecléticos e prolíficos desenhistas de HQs no Brasil.
Já fez histórias em quadrinhos dos mais
diversos gêneros e estilos, sempre de uma forma bem
profissional, apesar dos loucos prazos impostos pelos editores.
Ele também escreve e sabe
desenhar mulheres sensuais como poucos neste país.
Sua história de luta, garra, dedicação e paixão por arte,
em geral e especialmente pelas HQs
serve de exemplo para muita gente que sonha, um
dia, em entrar na briga
e se tornar um grande profissional
da arte do desenhos sequêncial.
ecléticos e prolíficos desenhistas de HQs no Brasil.
Já fez histórias em quadrinhos dos mais
diversos gêneros e estilos, sempre de uma forma bem
profissional, apesar dos loucos prazos impostos pelos editores.
Ele também escreve e sabe
desenhar mulheres sensuais como poucos neste país.
Sua história de luta, garra, dedicação e paixão por arte,
em geral e especialmente pelas HQs
serve de exemplo para muita gente que sonha, um
dia, em entrar na briga
e se tornar um grande profissional
da arte do desenhos sequêncial.
Ele também teve experiências agradáveis e
desagradáveis, como todos nós, que
militamos nesta árdua, mas maravilhosa profissão.
Durante dois anos publicou inúmeras histórias
em quadrinhos eróticas
na Bélgica, fazendo muito sucesso, e na
lendária Grafipar, de Curitiba.
Atualmente, é impossível numerar as diversas
casas editorias por onde
ele já passou nessa sua longa jornada profissional,
quer seja fazendo HQs ou ilustrações.
desagradáveis, como todos nós, que
militamos nesta árdua, mas maravilhosa profissão.
Durante dois anos publicou inúmeras histórias
em quadrinhos eróticas
na Bélgica, fazendo muito sucesso, e na
lendária Grafipar, de Curitiba.
Atualmente, é impossível numerar as diversas
casas editorias por onde
ele já passou nessa sua longa jornada profissional,
quer seja fazendo HQs ou ilustrações.
Apesar dos seus afazeres e de seu atual curso
de desenho este old bengala-friend residente em
Araraquara, interior de São Paulo, acabou
arrumando um tempinho e me concedeu
esta fantástica entrevista.
de desenho este old bengala-friend residente em
Araraquara, interior de São Paulo, acabou
arrumando um tempinho e me concedeu
esta fantástica entrevista.
Conheça um pouco mais sobre um dos maiores
mestres das histórias em quadrinhos tupiniquins,
mestres das histórias em quadrinhos tupiniquins,
saiba o que pensa e que faz...
Tony 1- Salve, my old and dear bengala-friend... que honra poder
entrevistá-lo... preparado? Então, vamos nessa...
Como e quando surgiu sua paixão pelas HQs?
Seabra - Na tenra idade, Tony... Meu irmão mais velho
apareceu em casa com um gibizinho do Tio Patinhas;
jogou sobre o tampo da mesa da sala
e falou qualquer coisa sobre ser o número um.
apareceu em casa com um gibizinho do Tio Patinhas;
jogou sobre o tampo da mesa da sala
e falou qualquer coisa sobre ser o número um.
Acho que foi paixão à primeira vista, rs.
Eu nunca havia visto coisa tão sedutora antes.
Tony 2 - Qual foi a primeira HQ publicada e qual foi a editora?
Seabra - Foi num jornal: Folha de S. Paulo; uma
sátira dum filme dos Trapalhões. Acho que do
primeiro filme...
sátira dum filme dos Trapalhões. Acho que do
primeiro filme...
Acho que o Franco escreveu e eu desenhei, mas
não lembro mais.
não lembro mais.
Saiu num encarte colorido que a Folha publicava
na época, em 1974, apenas com
autores nacionais.
na época, em 1974, apenas com
autores nacionais.
Tony 3 - Acho que também publiquei nesse encarte...
Franco de Rosa, nosso velho bengala friend, parece que
vocês sempre tiveram muita afinidade.
Onde e como surgiu essa amizade sincera?
Franco de Rosa, nosso velho bengala friend, parece que
vocês sempre tiveram muita afinidade.
Onde e como surgiu essa amizade sincera?
Seabra – Eu, garoto, inicio dos anos 70, freqüentava
a Livraria do Gibi, provavelmente a primeira
livraria especializa em gibis de São Paulo.
a Livraria do Gibi, provavelmente a primeira
livraria especializa em gibis de São Paulo.
Já conhecia várias pessoas lá, que curtiam
ou desenhavam quadrinhos. Certo dia, apareceu
o Franco; trabalhava numa repartição pública,
fazia um fanzine em papel timbrado
da prefeitura, rsss... Muito loko.
ou desenhavam quadrinhos. Certo dia, apareceu
o Franco; trabalhava numa repartição pública,
fazia um fanzine em papel timbrado
da prefeitura, rsss... Muito loko.
Já era empreendedor.
Um futuro editor.
Tony 4 - O também bengala-friend, Franco, sempre
foi guerreiro e é um cara importante na história
das HQs deste país, assim como
o nosso querido "PP", Paulo Paiva... então, o Franco
trabalhava numa repartição pública e fazia
fanzine em papel da prefeitura?
Genial... (Rsss..).
Essa, aposto que ninguém sabia...Na época da extinta Grafipar,
de Curitiba, eu trabalhava na ed. Noblet e também fazia
free lancer para diversas editoras, como:
Bloch (os Trapalhões\Trapasuat) e Grafipar
(fazia cartuns). Você naquela época produziu muitas
HQs eróticas, correto?
foi guerreiro e é um cara importante na história
das HQs deste país, assim como
o nosso querido "PP", Paulo Paiva... então, o Franco
trabalhava numa repartição pública e fazia
fanzine em papel da prefeitura?
Genial... (Rsss..).
Essa, aposto que ninguém sabia...Na época da extinta Grafipar,
de Curitiba, eu trabalhava na ed. Noblet e também fazia
free lancer para diversas editoras, como:
Bloch (os Trapalhões\Trapasuat) e Grafipar
(fazia cartuns). Você naquela época produziu muitas
HQs eróticas, correto?
Seabra - Dessa passagem rápida pela Folha nós fomos
para o andar de baixo. A Folha de S. Paulo ficava no
quarto andar do edifício da empresa Folha da Manhã;
no primeiro andar ficava o estúdio do Maurício de Souza,
no segundo andar o jornal Notícias Populares.
O motivo é que a gente queria fazer HQ de aventura,
e a Folha não dava espaço pra isso.
Estávamos em plena ditadura e a cultura da época só
prestigiava charge e cartuns – que eram visto como
coisa culta; mas desprezavam quadrinhos de aventuras –
que era visto como alienante - Tachavam
do “imperialismo americano”, etc, essas
baboseiras e rótulos.
para o andar de baixo. A Folha de S. Paulo ficava no
quarto andar do edifício da empresa Folha da Manhã;
no primeiro andar ficava o estúdio do Maurício de Souza,
no segundo andar o jornal Notícias Populares.
O motivo é que a gente queria fazer HQ de aventura,
e a Folha não dava espaço pra isso.
Estávamos em plena ditadura e a cultura da época só
prestigiava charge e cartuns – que eram visto como
coisa culta; mas desprezavam quadrinhos de aventuras –
que era visto como alienante - Tachavam
do “imperialismo americano”, etc, essas
baboseiras e rótulos.
Então a gente sacou que o jornal Notícias
Populares publicava um rol de
quadrinhos nacionais e de aventuras.
Populares publicava um rol de
quadrinhos nacionais e de aventuras.
Fizemos uma seqüência do Capitão Caatinga
e levamos pra eles.
e levamos pra eles.
Tony 5- Lembro-me bem dessa “filosofia” a Folha...
fiz trabalhos pra eles, mas era duro receber deles... (Rsss...).
Cheguei a quebrar o maior pau, na época, pra
receber uma colaboração que fiz pra Folhinha...
também acabei indo parar no Notícias Populares.
O jornal mais mentiroso que eu já vi.
Um dia, eu estava na sala do
Ebraim Hamadam, um cara entrou e falou:
“Chefe, não temos hoje nenhuma manchete bombástica!”.
Daí o Ibraim virou pra ele e disse: “Anote aí!
Mulher é seqüestrada por um disco-voador”... aquilo,
pra mim, foi demais... (Rsss...).
Nunca mais comprei aquele jornal... Foi nessa mesma época
que você começou a assinar como o lendário Carlos Zéfiro,
o rei das pornôs e das mulheres deliciosas? (Rsss...)
fiz trabalhos pra eles, mas era duro receber deles... (Rsss...).
Cheguei a quebrar o maior pau, na época, pra
receber uma colaboração que fiz pra Folhinha...
também acabei indo parar no Notícias Populares.
O jornal mais mentiroso que eu já vi.
Um dia, eu estava na sala do
Ebraim Hamadam, um cara entrou e falou:
“Chefe, não temos hoje nenhuma manchete bombástica!”.
Daí o Ibraim virou pra ele e disse: “Anote aí!
Mulher é seqüestrada por um disco-voador”... aquilo,
pra mim, foi demais... (Rsss...).
Nunca mais comprei aquele jornal... Foi nessa mesma época
que você começou a assinar como o lendário Carlos Zéfiro,
o rei das pornôs e das mulheres deliciosas? (Rsss...)
Seabra – Passei a assinar “Sebastião Zéfiro” na fase
Grafipar... Pura vacilada e lance moralista de minha parte.
Era o único mercado de trabalho de quadrinhos existente
e a gente temia ficar tachado de desenhista de putaria...
O que irremediavelmente aconteceu, com
ou sem pseudônimo, rsss.
Grafipar... Pura vacilada e lance moralista de minha parte.
Era o único mercado de trabalho de quadrinhos existente
e a gente temia ficar tachado de desenhista de putaria...
O que irremediavelmente aconteceu, com
ou sem pseudônimo, rsss.
Tony 6 - Entendo... também vivi este drama... eu fazia muito
desenho cômico e o pessoal tinha o maior preconceito – puro
falso moralismo -, de quem fazia HQs de sacanagem... mas, a
coisa vendia e era a única alternativa pra gente faturar uma
grana a mais e manter o estúdio... foi aí que eu também inventei
o Zanzibar... Você para mim sempre foi um grande mestre
e um dos melhores caras que já vi desenhar mulheres
gostosas, bonitas e sensuais... (rsss..). Sempre adorou
anatomia feminina?
desenho cômico e o pessoal tinha o maior preconceito – puro
falso moralismo -, de quem fazia HQs de sacanagem... mas, a
coisa vendia e era a única alternativa pra gente faturar uma
grana a mais e manter o estúdio... foi aí que eu também inventei
o Zanzibar... Você para mim sempre foi um grande mestre
e um dos melhores caras que já vi desenhar mulheres
gostosas, bonitas e sensuais... (rsss..). Sempre adorou
anatomia feminina?
Seabra - Acho que foi um lance de “formação”
Durante o primeiro ano que fazíamos a tira do
Capitão Caatinga e uma outra tira de humor –
Chucrutz – para o jornal Notícias Populares, o então
editor Ebrahim Ramadam
me pediu que fizesse
uma página de novela...
Um romance em quadrinhos...
Mas o problema era que eu não sabia
desenhar mulheres.
Capitão Caatinga e uma outra tira de humor –
Chucrutz – para o jornal Notícias Populares, o então
editor Ebrahim Ramadam
me pediu que fizesse
uma página de novela...
Um romance em quadrinhos...
Mas o problema era que eu não sabia
desenhar mulheres.
Diariamente o jornal publicava fotos das
strippers paulistas seminuas... Era, claro, referência
na mão. Copiava todas as fotos e estudei como um
doido a anatomia feminina para finalmente apresentar
para ele uma primeira HQ
(acho que um ano depois ou mais).
strippers paulistas seminuas... Era, claro, referência
na mão. Copiava todas as fotos e estudei como um
doido a anatomia feminina para finalmente apresentar
para ele uma primeira HQ
(acho que um ano depois ou mais).
Mas anos depois tive acesso a muitos e bons livros
de anatomia, aulas livres de modelo vivo na
Pinacoteca do Estado, etc. Tudo isso me ajudou
muito a formatar minhas figuras.
de anatomia, aulas livres de modelo vivo na
Pinacoteca do Estado, etc. Tudo isso me ajudou
muito a formatar minhas figuras.
Tony 7 – Está explicado... Sempre fui seu fã e
adoro as fêmeas que você faz...
Commu - Este era o nome de uma agência
comandada por um tal de Pete não sei das quantas, que se
propunha a agenciar autores brasileiros na Bélgica.
Você também trabalhou para ele?
adoro as fêmeas que você faz...
Commu - Este era o nome de uma agência
comandada por um tal de Pete não sei das quantas, que se
propunha a agenciar autores brasileiros na Bélgica.
Você também trabalhou para ele?
Seabra - Piet du Lombarde.
Sim, durante dois anos ou mais... Fiz quatro
ábuns e uma ou outra HQ solta...
ábuns e uma ou outra HQ solta...
Tony 8 – Hmmm... o nome dele era Piet... pensei que
fosse Pete... (Rsss...). O cara foi no meu estúdio, que ficava
em cima do bar do Jeca, nas esquina da av. São João com a
Ipiranga... você conseguiu receber?
fosse Pete... (Rsss...). O cara foi no meu estúdio, que ficava
em cima do bar do Jeca, nas esquina da av. São João com a
Ipiranga... você conseguiu receber?
Seabra - Sim, claro. Foi tudo perfeito.
Esse tipo de agenciador é muito comum lá fora
Existem centenas de agencias de artistas.
Tony 9 - Sim, eu sei... parece que eu e o Felipe
(vulgo Tulipa e ex-sócio da Felipe e Fernandes Produções
e depois da Phenix Editorial), demos azar...
O Pete, na década de 90, esteve no meu estúdio,
como falei, e encomendou uma HQ do Buana Savana.
Fizemos originais imensos, pesquisas sobre o continente
africano, fatos históricos, etc... pois, segundo o tal Pete...digo,
Piet, os europeus só apreciavam HQs documentadas.
Até hoje tenho os originais, o cara sumiu... (Rsss...).
Seu relacionamento com a Commu terminou
bem ou também levou “chapéu”?
(vulgo Tulipa e ex-sócio da Felipe e Fernandes Produções
e depois da Phenix Editorial), demos azar...
O Pete, na década de 90, esteve no meu estúdio,
como falei, e encomendou uma HQ do Buana Savana.
Fizemos originais imensos, pesquisas sobre o continente
africano, fatos históricos, etc... pois, segundo o tal Pete...digo,
Piet, os europeus só apreciavam HQs documentadas.
Até hoje tenho os originais, o cara sumiu... (Rsss...).
Seu relacionamento com a Commu terminou
bem ou também levou “chapéu”?
Seabra - Foi tudo tranqüilo pra mim e para mais uns
dez outros artistas na época, que trabalhava pra ele...
Piet era um cavalheiro.
dez outros artistas na época, que trabalhava pra ele...
Piet era um cavalheiro.
Tony 10 – É... infelizmente não posso dizer o mesmo...
de fato, parece que demos azar... (Rsss...)
que fim deu o tal Piet?
de fato, parece que demos azar... (Rsss...)
que fim deu o tal Piet?
Seabra - Bom... Eu perdi o contato com
ele e creio que os outros artistas também.
ele e creio que os outros artistas também.
Assim que o Collor entrou na presidência
e baixou o dólar (pela metade eu acho) não
ficou mais interessante pra gente
trabalhar pra Commu.
e baixou o dólar (pela metade eu acho) não
ficou mais interessante pra gente
trabalhar pra Commu.
Trabalhávamos meses num álbum, para
receber tudo de uma vez... Só que, com o dólar
valendo a metade
que valia acabou a nossa ilusão de
fazer quadrinhos pra fora.
receber tudo de uma vez... Só que, com o dólar
valendo a metade
que valia acabou a nossa ilusão de
fazer quadrinhos pra fora.
Tony 11- O que mais admiro em você, meu
amigo, é sua capacidade de produção - coisa rara em desenhista
tupiniquim que, em geral, faz 10 págs por mês e se acha o bambambam. E
você também, meu caro bengala-friend, tem um tremendo potencial e se
adapta a qualquer estilo. Isto é fantástico.
Seabra - Mas infelizmente isso
revela outro imenso problema do nosso precário mercado de trabalho: não
há continuidade. Hoje você faz algumas páginas de quadrinhos de
aventura, outras de terror, no mês seguinte são ilustrações de mangás
japoneses ou qualquer coisa infantil... Enfim, não se constrói nada
assim. Estamos sempre recomeçando.
Tony 12 - É verdade... dificilmente a gente pode dar continuidade a um
personagem, como na América... fora isto haviam alguns editores que ficaram
famosos pois diziam que só a Ed# 1 vendia e se tornaram os reis dos
números uns. Nesse mercado louco e instável ou cara é eclético e
rápido ou não sobrevive... as revistas vendem menos a cada dia,
qual é sua visão de futuro para as HQs?
personagem, como na América... fora isto haviam alguns editores que ficaram
famosos pois diziam que só a Ed# 1 vendia e se tornaram os reis dos
números uns. Nesse mercado louco e instável ou cara é eclético e
rápido ou não sobrevive... as revistas vendem menos a cada dia,
qual é sua visão de futuro para as HQs?
Seabra - Tony... Eu acho realmente que as coisas
estão se adequando.
estão se adequando.
Aconteceu com outras mídias.
A TV não matou o cinema como se previu, tampouco acabou
com o rádio... Estão todos ai, brigando por seu espaço.
Isso no mundo todo. E o vídeo também não matou a TV, nem
a TV paga matou a TV aberta.
com o rádio... Estão todos ai, brigando por seu espaço.
Isso no mundo todo. E o vídeo também não matou a TV, nem
a TV paga matou a TV aberta.
Como vê, sempre é tudo baba de lesma de pessoas que
adoram pregar o fim do mundo.
adoram pregar o fim do mundo.
Outra coisa, como o advento do PC os intelectuais e
ecológicos de plantão ficaram todos excitadinhos e
determinaram o fim do papel; ledo engano.
Nunca se usou tanto papel. As pessoas amam imprimir tudo.
ecológicos de plantão ficaram todos excitadinhos e
determinaram o fim do papel; ledo engano.
Nunca se usou tanto papel. As pessoas amam imprimir tudo.
Enfim... Há poucos anos era impensável ou distante
na nossa área vender HQ para a internet.
Hoje já é rotina. Um monte de sites estão comprando HQs.
na nossa área vender HQ para a internet.
Hoje já é rotina. Um monte de sites estão comprando HQs.
Pagam mal, mas é um começo. Além de ser cômodo e
você não ter o desconforto de tratar cara a cara com
o editor, que convenhamos, é um sako (kkkkkk).
você não ter o desconforto de tratar cara a cara com
o editor, que convenhamos, é um sako (kkkkkk).
Tinha um editor de São Paulo que, para eu receber
dele eu tinha de viajar até lá, passar a tarde com o dito
cujo, tomar cafezinho e tal para enfim pegar
meu cheque. Convenhamos, é muito phoda isso.
dele eu tinha de viajar até lá, passar a tarde com o dito
cujo, tomar cafezinho e tal para enfim pegar
meu cheque. Convenhamos, é muito phoda isso.
Tony 13 – Foda? A moda antiga? Com “P” e “H”? (Rsss..).
Muito bom... Também acho que aos poucos a poeira
vai assentar... e todos terão o seu espaço. Passamos por
um período de adaptação, é óbvio... esse editor pentelho
que você citou, que pra receber você tinha que vir pra
São Paulo e perder o dia, só pode ser um: Joseph Abourbih
(vulgo Old Fox ou Mister No), meu ex-patrão da editora Noblet...
Muito bom... Também acho que aos poucos a poeira
vai assentar... e todos terão o seu espaço. Passamos por
um período de adaptação, é óbvio... esse editor pentelho
que você citou, que pra receber você tinha que vir pra
São Paulo e perder o dia, só pode ser um: Joseph Abourbih
(vulgo Old Fox ou Mister No), meu ex-patrão da editora Noblet...
O seu José, ou seu Noblet, como a turma costumava chamá-lo
era gente boa... (Rsss...). Só tinha um defeito... como todo
bom judeu adorava chorar e pagar pouco...
era gente boa... (Rsss...). Só tinha um defeito... como todo
bom judeu adorava chorar e pagar pouco...
Todo mundo (os colaboradores), para receber por lá era um
saco, mesmo. Primeiro você tinha que ouvir a choradeira e
reclamações dele – coisa típica da raça -, e só depois
ele liberava a grana, caso você não o contrariasse (Rsss...).
Nego que contrariava o personagem sai d bolso vazio... (Rsss...).
Mesmo concordando com toda aquela aladainha o colaborador
ainda assim acabava vendo o dia ir pro saco, cada vez
que ia cobrá-lo. O cidadão era um sádico... gostava de
torturar a galera... mas, já “subiu o morro” e a editora fechou.
Trabalhei naquela casa editorial durante 5 anos – onde
aprendi muito -, sempre brigando com ele.
Eu cansei de pedir a conta, mas ele insistia em me recontratar.
Comecei como free lancer e virei até diretor de arte,
mesmo quebrando o pau, é mole? Por fim, cansados de
brigas, ficamos bons amigos, depois que sai de lá pra montar
o meu estúdio na década de 80. Há uns quatro anos atrás,
eu e o Paulo Hamasaki (dois ex-funcionários da casa),
e ele, almoçávamos juntos toda sexta... mas, a choradeira
continuava nesses almoços... (Rsss...). Você publicou na
Noblet uma versão pornô-erótica do Vingador Mascarado,
lembro bem e até tenho guardado este gibi...
Como um dos mais prolíficos profissionais da área, pergunto:
deu para ganhar dinheiro, fazer o pé-de-meia, nesses últimos anos?
saco, mesmo. Primeiro você tinha que ouvir a choradeira e
reclamações dele – coisa típica da raça -, e só depois
ele liberava a grana, caso você não o contrariasse (Rsss...).
Nego que contrariava o personagem sai d bolso vazio... (Rsss...).
Mesmo concordando com toda aquela aladainha o colaborador
ainda assim acabava vendo o dia ir pro saco, cada vez
que ia cobrá-lo. O cidadão era um sádico... gostava de
torturar a galera... mas, já “subiu o morro” e a editora fechou.
Trabalhei naquela casa editorial durante 5 anos – onde
aprendi muito -, sempre brigando com ele.
Eu cansei de pedir a conta, mas ele insistia em me recontratar.
Comecei como free lancer e virei até diretor de arte,
mesmo quebrando o pau, é mole? Por fim, cansados de
brigas, ficamos bons amigos, depois que sai de lá pra montar
o meu estúdio na década de 80. Há uns quatro anos atrás,
eu e o Paulo Hamasaki (dois ex-funcionários da casa),
e ele, almoçávamos juntos toda sexta... mas, a choradeira
continuava nesses almoços... (Rsss...). Você publicou na
Noblet uma versão pornô-erótica do Vingador Mascarado,
lembro bem e até tenho guardado este gibi...
Como um dos mais prolíficos profissionais da área, pergunto:
deu para ganhar dinheiro, fazer o pé-de-meia, nesses últimos anos?
Seabra - Nada. Trabalho para dar conforto e saúde para
minha família e formar meus filhos, produzindo
de 25 horas por dia, sempre com a ilusão de achar
o pote de ouro atrás do arco íris... Mas de nada adianta.
Pegamos todo trabalho que nos oferecem, mas são
todos mal pagos e em todos eles tentamos deixar
um mínimo de qualidade e por mais que tentemos
viabilizar esses trabalhos o círculo vicioso se repete
ad nauseam... Quando o dinheiro entra
você deve pra meio mundo.
minha família e formar meus filhos, produzindo
de 25 horas por dia, sempre com a ilusão de achar
o pote de ouro atrás do arco íris... Mas de nada adianta.
Pegamos todo trabalho que nos oferecem, mas são
todos mal pagos e em todos eles tentamos deixar
um mínimo de qualidade e por mais que tentemos
viabilizar esses trabalhos o círculo vicioso se repete
ad nauseam... Quando o dinheiro entra
você deve pra meio mundo.
Um dos meus irmãos já previu que vou acabar como o
Mozart, sem um puto no bolso e morto numa vala comum,
rsss... Ao menos a comparação com o gênio da
música foi lisonjeira, hahahahaha.
Mozart, sem um puto no bolso e morto numa vala comum,
rsss... Ao menos a comparação com o gênio da
música foi lisonjeira, hahahahaha.
Tony 14 – É viver nesse mercado é um drama mesmo...
a gente vive sempre balançando e você disse bem...
quando entra 5 mil a gente já tá devendo 7 e por aí afora...
pra manter o estúdio atual vivo trocando “papagaios” nos
bancos... (Rsss...). Tem sempre um gerente correndo atrás
de mim... o pouco patrimônio que consegui formar
foi através da publicidade... se dependesse só das HQs
nem teria formado minhas filhas, apesar de ter feito,
como você, algumas toneladas de originais de
HQs nos mais diversos estilos... e olha que eu não
posso reclamar da vida não, dei sorte e houve
épocas em que eu até cheguei a viver, razoavelmente
bem – trabalhando feito louco-, só de HQs... porém,
isto, como sempre, é temporário... a gente sabe... S
ei que você está fazendo um curso de desenho
On-Line que está bombando. Quem quiser suas apostilas,
como deve proceder?
a gente vive sempre balançando e você disse bem...
quando entra 5 mil a gente já tá devendo 7 e por aí afora...
pra manter o estúdio atual vivo trocando “papagaios” nos
bancos... (Rsss...). Tem sempre um gerente correndo atrás
de mim... o pouco patrimônio que consegui formar
foi através da publicidade... se dependesse só das HQs
nem teria formado minhas filhas, apesar de ter feito,
como você, algumas toneladas de originais de
HQs nos mais diversos estilos... e olha que eu não
posso reclamar da vida não, dei sorte e houve
épocas em que eu até cheguei a viver, razoavelmente
bem – trabalhando feito louco-, só de HQs... porém,
isto, como sempre, é temporário... a gente sabe... S
ei que você está fazendo um curso de desenho
On-Line que está bombando. Quem quiser suas apostilas,
como deve proceder?
Seabra - Parei de lecionar aulas presenciais há poucos
meses e formatei e desenvolvi um Curso de Desenho
e Anatomia Online... O mesmo conceito das aulas
que eu ministrava em classe, com a vantagem que é
muito mais barato, o aluno segue tendo toda a
minha atenção e correção, e tem a vantagem de
não ver a minha cara, nem eu a dele. É fantástico!
meses e formatei e desenvolvi um Curso de Desenho
e Anatomia Online... O mesmo conceito das aulas
que eu ministrava em classe, com a vantagem que é
muito mais barato, o aluno segue tendo toda a
minha atenção e correção, e tem a vantagem de
não ver a minha cara, nem eu a dele. É fantástico!
Não entendo como há tanta resistência em
fazer um curso a distancia.
fazer um curso a distancia.
Quem quiser fazer ou conhecer o Curso é só me
escrever que eu envio o primeiro módulo
e todas as explicações necessárias.
escrever que eu envio o primeiro módulo
e todas as explicações necessárias.
Tony 15- Apesar de você também já ter feito vários heróis,
dentre estes o Vingador Mascarado, que acabei publicando
no tempo da minha editora (Phenix), você sabe desenhar
mulheres sensuais como ninguém. Coisa rara entre esta nova
geração que só sabe desenhar caras e mulheres bombadas.
Toda esta tarimba, nas fêmeas, vem das HQs eróticas?
dentre estes o Vingador Mascarado, que acabei publicando
no tempo da minha editora (Phenix), você sabe desenhar
mulheres sensuais como ninguém. Coisa rara entre esta nova
geração que só sabe desenhar caras e mulheres bombadas.
Toda esta tarimba, nas fêmeas, vem das HQs eróticas?
Seabra - Então... Como eu já citei, eu, com a testosterona
a mil como qualquer adolescente me debruçava sobre as
fotos de garotas que saia nos jornais e nas revistas;
paralelo a isso eu sabia de antemão que jamais viraria
um ilustrador de figuras sem ter um profundo
conhecimento anatômico, por isso procurei e comprei
na época um dos melhores livros de anatomia
que tenho até hoje, “Desenho e Anatomia”
de Victor Perard, uma edição aparentemente pirata
da Tecnoprint, na época. Comprei e copiei cada página.
a mil como qualquer adolescente me debruçava sobre as
fotos de garotas que saia nos jornais e nas revistas;
paralelo a isso eu sabia de antemão que jamais viraria
um ilustrador de figuras sem ter um profundo
conhecimento anatômico, por isso procurei e comprei
na época um dos melhores livros de anatomia
que tenho até hoje, “Desenho e Anatomia”
de Victor Perard, uma edição aparentemente pirata
da Tecnoprint, na época. Comprei e copiei cada página.
Nunca consegui que aluno algum fizesse essa trajetória,
percorresse um livro de anatomia humana de cabo a rabo.
Portanto, infelizmente, duvido que algum deles, por mais
brilhante que sejam, venha algum dia ser um
prolífico desenhista de histórias em quadrinhos.
percorresse um livro de anatomia humana de cabo a rabo.
Portanto, infelizmente, duvido que algum deles, por mais
brilhante que sejam, venha algum dia ser um
prolífico desenhista de histórias em quadrinhos.
Desenhar quadrinhos profissionalmente não requer
apenas talento natural. Requer muita técnica, muito
estudo, muita paixão pelo ofício e muita
disciplina para trabalhar.
apenas talento natural. Requer muita técnica, muito
estudo, muita paixão pelo ofício e muita
disciplina para trabalhar.
Enfim, é um tremendo sacrifício.
Eu me emociono quando falo sobre desenhistas como
o Rogério Cruz e o Deodato Filho. São artistas
extraordinários que fizeram toda essa trajetória
toda e venceram lá fora e deveriam ser reverenciados
e aplaudidos sempre.
o Rogério Cruz e o Deodato Filho. São artistas
extraordinários que fizeram toda essa trajetória
toda e venceram lá fora e deveriam ser reverenciados
e aplaudidos sempre.
O desenhista brasileiro que vence lá fora trava
uma luta injusta. Ganha menos, trabalha muito
mais e trabalha só, em contrapartida dos seus
iguais norte americanos que quase sempre tem
muitos assistentes ou uma grande equipe para
poder fazer em tempo hábil uma revista (ou mais)
por mês. O dia que brasileiro parar de falar
mal de brasileiro (um provável ranço herdado
de Portugal) estaremos a um passo da
evolução intelectual e artística.
uma luta injusta. Ganha menos, trabalha muito
mais e trabalha só, em contrapartida dos seus
iguais norte americanos que quase sempre tem
muitos assistentes ou uma grande equipe para
poder fazer em tempo hábil uma revista (ou mais)
por mês. O dia que brasileiro parar de falar
mal de brasileiro (um provável ranço herdado
de Portugal) estaremos a um passo da
evolução intelectual e artística.
Em tempo: eu não “fiz o Vingador e você acabou publicando”,
eu fiz o Vingador a partir de um gentil e maravilhoso
convite seu. Até então ele não passava de uma vaga idéia que
provavelmente nunca sairia do papel, rs. Você como
grande entusiasta que foi (e ainda é) e um dos raros
e probos editores que eu conheço, me deu essa
grande alegria (a mim e a alguns outros amigos)
e eu lhe sou muito grato por isso.
eu fiz o Vingador a partir de um gentil e maravilhoso
convite seu. Até então ele não passava de uma vaga idéia que
provavelmente nunca sairia do papel, rs. Você como
grande entusiasta que foi (e ainda é) e um dos raros
e probos editores que eu conheço, me deu essa
grande alegria (a mim e a alguns outros amigos)
e eu lhe sou muito grato por isso.
Tony 16 – Que é isto, mestre, sempre admirei seus trabalhos...
além do mais, quando eu e o Felipe abrimos a Phenix, ninguém
acreditava na gente, sabia? Muito nego dessa nossa classe desunida
de merda, como você frisou, metia o pau na gente e falava aos
quatro cantos que éramos duros, que não tínhamos como
pagar os colaboradores. Estavam enganados, é óbvio...
naquela época estávamos faturando alto com o Laboratório
Catarinense S\A e também tínhamos acabado de vender
os direitos autorais do Pequeno Ninja... mas, a turma
adora falar merda... fazer o quê? O único que
acreditou na gente foi você... você foi nosso primeiro colaborador...
começamos editando revistas posters – Bruce Lee,
Back To The Future, Robocop, etc-, lembra-se?
Saimos arrebentando. Fomos os primeiros a lançar Robocop
no Brasil, numa época em que o governo Collor tinha tomado
a grana de todo mundo. O país inteiro foi pra cama –
no dia anterior – com dinheiro no banco e acordou
duro no dia seguinte... foi um rebú, confiscaram
nosso dinheiro. As editoras, naquela época, pararam
de publicar, para se readaptar a nova realidade...
achei aquela a hora propícia pra entrarmos de cabeça
novamente no mercado editorial. Mas, muita gente
achou que estava louco, que íamos quebrar a cara.
Saímos, em meio a crise, com Robocop, exatamente
quando o filme foi lançado. Não deu outra. Pegamos na veia.
Vendemos 800 mil exemplares... quando crescemos
saímos daquela salinha da avenida São João com a
Ipiranga e alugamos um local enorme no Brás.
Daí começamos a investir nas HQs (principalmente em
super-heróis)– apoiados pelos posters de Tom Cruise,
Madonna, Back Street Boy, Van Damme, Indiana Jones,
Gremelins, etc. Gastávamos muita grana com direitos a
utorais e locação de cromos de filmes e astros da música,
mas valeu a pena. Só conseguimos editar os almanaques
Phenix e Udigrudi –, revistas que tinham um custo alto -
por ser 100% nacional-, e tinha uma porrada de
colaboradores, graças aos posters. É gozado, na Europa
existem editoras só de HQs. Aqui no Brasil é impossível
viver apenas editando só quadrinhos. É necessário ter
outros produtos para dar suporte, poucos sabem disto.
Meu querido bengala-friend, Seabra, você se s
ente realizado, profissionalmente?
além do mais, quando eu e o Felipe abrimos a Phenix, ninguém
acreditava na gente, sabia? Muito nego dessa nossa classe desunida
de merda, como você frisou, metia o pau na gente e falava aos
quatro cantos que éramos duros, que não tínhamos como
pagar os colaboradores. Estavam enganados, é óbvio...
naquela época estávamos faturando alto com o Laboratório
Catarinense S\A e também tínhamos acabado de vender
os direitos autorais do Pequeno Ninja... mas, a turma
adora falar merda... fazer o quê? O único que
acreditou na gente foi você... você foi nosso primeiro colaborador...
começamos editando revistas posters – Bruce Lee,
Back To The Future, Robocop, etc-, lembra-se?
Saimos arrebentando. Fomos os primeiros a lançar Robocop
no Brasil, numa época em que o governo Collor tinha tomado
a grana de todo mundo. O país inteiro foi pra cama –
no dia anterior – com dinheiro no banco e acordou
duro no dia seguinte... foi um rebú, confiscaram
nosso dinheiro. As editoras, naquela época, pararam
de publicar, para se readaptar a nova realidade...
achei aquela a hora propícia pra entrarmos de cabeça
novamente no mercado editorial. Mas, muita gente
achou que estava louco, que íamos quebrar a cara.
Saímos, em meio a crise, com Robocop, exatamente
quando o filme foi lançado. Não deu outra. Pegamos na veia.
Vendemos 800 mil exemplares... quando crescemos
saímos daquela salinha da avenida São João com a
Ipiranga e alugamos um local enorme no Brás.
Daí começamos a investir nas HQs (principalmente em
super-heróis)– apoiados pelos posters de Tom Cruise,
Madonna, Back Street Boy, Van Damme, Indiana Jones,
Gremelins, etc. Gastávamos muita grana com direitos a
utorais e locação de cromos de filmes e astros da música,
mas valeu a pena. Só conseguimos editar os almanaques
Phenix e Udigrudi –, revistas que tinham um custo alto -
por ser 100% nacional-, e tinha uma porrada de
colaboradores, graças aos posters. É gozado, na Europa
existem editoras só de HQs. Aqui no Brasil é impossível
viver apenas editando só quadrinhos. É necessário ter
outros produtos para dar suporte, poucos sabem disto.
Meu querido bengala-friend, Seabra, você se s
ente realizado, profissionalmente?
Seabra - Infelizmente não.
No Brasil não há como a gente se sentir realizado
porque não há mercado de quadrinhos, e, você sabe,
somos genuinamente autores de histórias em
quadrinhos... Por mais que façamos coisas paralelas
para sobreviver. Resta o mercado de fora.
porque não há mercado de quadrinhos, e, você sabe,
somos genuinamente autores de histórias em
quadrinhos... Por mais que façamos coisas paralelas
para sobreviver. Resta o mercado de fora.
O dia em que eu quebrar esse maldito bloqueio que
devo ter e finalizar um dos inúmeros testes de
páginas para o mercado americano que nossos
amigos agentes me passam ai quem
sabe eu me sinta realizado.
devo ter e finalizar um dos inúmeros testes de
páginas para o mercado americano que nossos
amigos agentes me passam ai quem
sabe eu me sinta realizado.
Tony 17 - Seus planos para o futuro?
Seabra - Este. Passar num teste para o mercado
americano e trabalhar para as grandes editoras; ganhar
razoavelmente bem e não me preocupar mais com as
contas de luz, água, telefone... rsss... Com o maldito aluguel...
americano e trabalhar para as grandes editoras; ganhar
razoavelmente bem e não me preocupar mais com as
contas de luz, água, telefone... rsss... Com o maldito aluguel...
Tony 18 – Sei muito bem do que você esta falando... não é fácil...
espero que este seu bloquei passe logo, seu trabalho tem nível
internacional. Aqui não temos muito tempo pra se dedicar,
om calma, a coisa... é tudo na pauleira, você sabe... pergunto:
Sebastião Seabra por Sebastião Seabra?
espero que este seu bloquei passe logo, seu trabalho tem nível
internacional. Aqui não temos muito tempo pra se dedicar,
om calma, a coisa... é tudo na pauleira, você sabe... pergunto:
Sebastião Seabra por Sebastião Seabra?
Seabra - Bom... Eu tenho absoluta certeza de
que eu sou o mesmo garoto que nos anos sessenta
ficou embasbacado quando ganhou das mãos dum
frentista duas revistas da Marvel (Super X e Capitão Z) ,
dum posto da Shell perto
de casa, no tranqüilo bairro da Vila Xavier,
em Araraquara...
Foi assim que as revistas do Titio Stan Lee
entrou no mercado brasileiro.
que eu sou o mesmo garoto que nos anos sessenta
ficou embasbacado quando ganhou das mãos dum
frentista duas revistas da Marvel (Super X e Capitão Z) ,
dum posto da Shell perto
de casa, no tranqüilo bairro da Vila Xavier,
em Araraquara...
Foi assim que as revistas do Titio Stan Lee
entrou no mercado brasileiro.
Ainda sou o mesmo fã que se emociona cada
vez que abre um gibi desses e admira os
desenhos arrojados
dum Jack Kirby e seus pares...
vez que abre um gibi desses e admira os
desenhos arrojados
dum Jack Kirby e seus pares...
Acho que foi o Franco quem disse numa entrevista
que virou editor pelo prazer supremo de manusear
tantos originais de tantos artistas
fabulosos o tempo todo.
que virou editor pelo prazer supremo de manusear
tantos originais de tantos artistas
fabulosos o tempo todo.
É isso, antes de profissionais da área, somos
grandes fãs desses gênios todos (o Deodato me
disse a mesma coisa,
imagine...), daí a permanente felicidade e o sorriso
estampado na cara, acho, rsss...
grandes fãs desses gênios todos (o Deodato me
disse a mesma coisa,
imagine...), daí a permanente felicidade e o sorriso
estampado na cara, acho, rsss...
Tony 19 – Também comprei essas revistas no Posto Shell.
Na época os heróis Marvel fizeram uma grande jogada de marketing...
a recém-inaugurada TV Bandeirantes – de S. Paulo - lançou
aqueles desenhos desanimados e a EBAl, simultaneamente,
lançou os números zeros nos Postos Shell. Achei a idéia genial.
Mas, em síntese: apesar dos pezares, somos felizes, né?
Fazemos aquilo que gostamos... sei como é isto... eu, atualmente,
penso assim: já cumpri minha missão, criei e formei minhas filhas.
A fase difícil já passou... agora o que vier é lucro – estou em
final de carreira -, e quero morrer publicando, fazendo aquilo
que eu gosto e até quem sabe voltar a editar um dia...
talvez... (Rsss...). Dê uma palavrinha para seus fãs e
gente que quer seguir os seus passos no ramo de HQs,
grande mestre e guerreiro.
Na época os heróis Marvel fizeram uma grande jogada de marketing...
a recém-inaugurada TV Bandeirantes – de S. Paulo - lançou
aqueles desenhos desanimados e a EBAl, simultaneamente,
lançou os números zeros nos Postos Shell. Achei a idéia genial.
Mas, em síntese: apesar dos pezares, somos felizes, né?
Fazemos aquilo que gostamos... sei como é isto... eu, atualmente,
penso assim: já cumpri minha missão, criei e formei minhas filhas.
A fase difícil já passou... agora o que vier é lucro – estou em
final de carreira -, e quero morrer publicando, fazendo aquilo
que eu gosto e até quem sabe voltar a editar um dia...
talvez... (Rsss...). Dê uma palavrinha para seus fãs e
gente que quer seguir os seus passos no ramo de HQs,
grande mestre e guerreiro.
Seabra - Realmente para mim é muita lisonja que tenho
leitores que gostam do meu trabalho. Surpreendo-me
sempre com isso e sou muito grato a todos eles.
leitores que gostam do meu trabalho. Surpreendo-me
sempre com isso e sou muito grato a todos eles.
Trabalho sempre pensando em agradá-los, é claro.
Da mesma maneira que sou grato pela felicidade
absoluta que artistas como Jack Kirby, Will Eisner,
Neal Adams e uma infinidade de outros gênios do
traço sempre me proporcionam com seus
trabalhos maravilhosos é uma grande surpresa para
mim que meus desenhos possam proporcionar
algo aparecido a alguém.
Da mesma maneira que sou grato pela felicidade
absoluta que artistas como Jack Kirby, Will Eisner,
Neal Adams e uma infinidade de outros gênios do
traço sempre me proporcionam com seus
trabalhos maravilhosos é uma grande surpresa para
mim que meus desenhos possam proporcionar
algo aparecido a alguém.
Desenhar quadrinhos é achar solução para cada quadro,
usando referencial, ou criando de memória, é um
trabalho duro... E será um trabalho impossível se o
aspirante a desenhista não tiver uma sólida formação
artística, seja estudando numa boa escola de arte ou
se debruçando diariamente em bons livros de
desenho e anatomia; metodicamente e sempre.
usando referencial, ou criando de memória, é um
trabalho duro... E será um trabalho impossível se o
aspirante a desenhista não tiver uma sólida formação
artística, seja estudando numa boa escola de arte ou
se debruçando diariamente em bons livros de
desenho e anatomia; metodicamente e sempre.
Quanto mais se sabe fica mais fácil achar as
soluções e fazer um trabalho em tempo hábil.
soluções e fazer um trabalho em tempo hábil.
Portanto, nada de perder tempo, encostem o barrigão
na prancheta e mãos à obra.
na prancheta e mãos à obra.
Estou com 52 anos e estudo diariamente.
Ao contrário do que supõe certos alunos não se
aprende a desenhar mãos com uma aula de mãos,
ou desenhar seja lá o que for com algumas aulas.
A coisa mais comum que eu ouço é “desenhar pessoas
eu já sei, só me falta um pouco de perspectiva”, ora...
Dureza ouvir isso né? É a parte insalubre de lecionar.
Grande abraço Tony, e vê se me “encomenda” outroaprende a desenhar mãos com uma aula de mãos,
ou desenhar seja lá o que for com algumas aulas.
A coisa mais comum que eu ouço é “desenhar pessoas
eu já sei, só me falta um pouco de perspectiva”, ora...
Dureza ouvir isso né? É a parte insalubre de lecionar.
personagem, caso contrário ficarei conhecido
apenas como “o criador do Vingador Mascarado”.
Tony 20 - Não se preocupe, meu bengala-friend e velho amigo,
ainda quero te ver desenhado Apache, ou quem sabe um novo
personagem (rsss...)... melhor seria se ressuscitássemos
o seu Vingador Mascarado... acho ele um grande personagem...
See you later, warrior! The battle to be continued... GO ahead!
E muito obrigado por esta sensacional entrevista. Valeu!
Nota: Durante sua longa e produtiva carreira, o mestre Seabra,
criou e desenvolvel diversos personagens de gêneros distintos.
Na década de 90 decidiu, após termos uma conversação
Na década de 90 decidiu, após termos uma conversação
telefônica, criar um super-herói, sua antiga paixão.
Assim surgiu o Vingador Mascarado,
um personagem marcante e que tem uma figura impressionante.
Com a falência da Phenix muitos autores de heróis não
tinham mais aonde publicar seus personagens. Assim,
Assim surgiu o Vingador Mascarado,
um personagem marcante e que tem uma figura impressionante.
Com a falência da Phenix muitos autores de heróis não
tinham mais aonde publicar seus personagens. Assim,
muitos desses autores foram obrigados a adaptar esses
super-heróis para HQs com erotismo ou mesmo porno.
Assim, O Vingador Mascarado ganhou uma versão
super-heróis para HQs com erotismo ou mesmo porno.
Assim, O Vingador Mascarado ganhou uma versão
hard para sair na revista Sexyman, da ed. Noblet e eu
acabei transformando a série
acabei transformando a série
A Maldição do Guerreiro Ninja também numa versão erotizada.
Nesta etapa difícil de mercado até meu super-herói
Fantastic Man ganhou uma
Nesta etapa difícil de mercado até meu super-herói
Fantastic Man ganhou uma
edição mais apimentada pelas Edições E.R.T.
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